Amigos da fé

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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Virgindade leiloada

Eu teria preferido escrever sobre outro assunto nesta semana, mas o leilão da virgindade de uma jovem brasileira, amplamente divulgado pela imprensa, requer uma reflexão. É um fato chocante e, ao mesmo tempo, parece tão banal que, talvez, só chamou a atenção porque o leilão aconteceu de maneira aberta, pela internet, e porque o valor do arremate foi alto. Um jovem russo tentou a mesma façanha; chamou a atenção pelo seu insucesso, pois a oferta foi muito baixa; ele desistiu do leilão e ficou deprimido. Afinal, o que está acontecendo? Pessoas colocam livremente a própria dignidade em leilão em troca de dinheiro? O fato foi acompanhado com curiosidade morbosa e até com torcida, para ver até aonde a oferta chegaria. Chocar, por quê? Nas calçadas de certas ruas da cidade e em tantas “casas do amor” não acontece o mesmo todos os dias, sem que isso chame a atenção, ou cause consternação em ninguém? Há mesmo quem queira legalizar a prostituição, como se fosse uma profissão qualquer. Tudo se resolve no nível econômico, também para traficar pessoas, reduzi-las a escravas, vender bebês, comerciar órgãos humanos... E há quem compre ou venda votos nas eleições, comprando ou vendendo a própria dignidade; e também quem suborne a Justiça, pondo em liquidação a própria consciência; há quem compre armas, use-as contra os outros, faça violência, mate, tudo pela vantagem econômica. E há quem trafique drogas, lucrando com o comércio da morte; e quem, simplesmente, vai roubando o que é dos outros ou de todos: tudo pela vantagem econômica que está em jogo... Grande novidade nisso tudo não há; coisas que sempre aconteceram. O novo é que, sem nos darmos conta, estamos assimilando uma cultura do mercado, na qual o fator econômico passou a ser o referencial maior: de uma cultura de valores éticos e morais, para uma cultura do valor econômico; o bem maior parece ser a vantagem econômica, que tudo permite e legitima, amolecendo qualquer resistência do senso moral. Tudo fica justificado, se há vantagem econômica. Aonde vamos parar? Está mais do que na hora de colocar tudo isso em discussão novamente; será que essa tendência cultural vai levar a um aprimoramento das relações humanas? A uma dignidade maior no convívio social? A uma valorização real das pessoas, ao respeito pela justiça e a paz? Provavelmente não. Certamente não. O ser humano, avaliado, sobretudo, na ótica da razão econômica, deixa de ser pessoa e vira objeto quantificável. Nisso também não há grande novidade; no passado, houve a exploração dos escravos, dos operários, das mulheres. Mas, sob protesto. O preocupante, agora, é que essa maneira de ver e fazer passe por aceitável e normal e a própria pessoa “objetizada”, outrora considerada vítima, agora seja vista como um sujeito autônomo e livre, que faz o que quer, também com sua própria dignidade; e tudo vai bem assim... Voltaremos às feiras em que se vendem escravos? Livremente expostos à venda, aliás, ao leilão? O leilão da virgindade, por internet, é um fato que deve preocupar educadores, juristas, filósofos... Da curiosidade morbosa, é preciso passar à reflexão, talvez com um pouco mais de vergonha diante do que está acontecendo. Nossa dignidade comum está sendo leiloada! É deprimente! Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 21.11.2012 Cardeal Odilo Pedro Scherer

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Músicas para Download

Sábado Agora vamos passar as coordenadas do Desperta-te! William Rafael Contato: wbef2010@gmail.com

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O EU CONTRA O NÓS


Sempre houve e sempre haverá o conflito “eu x nós” e o “nós x eu” . Ou era nós demais e eu de menos ou eu demais e nós de menos. Excesso de poder para um ou para outro. A luta pelo direito de se exibir é um desses exemplos. A religião, embora em teoria defenda a supremacia do nós e da comunidade, não poucas vezes dá poderes plenos a um indivíduo que sozinho ou com sua família determina a moral e o nós de uma igreja

Em algumas épocas e sociedades os homens exibiam seus músculos e seu órgão masculino enchendo suas calças estilo calções com panos para dar a entender que eram másculos. Tempos houve e sociedades em que as mulheres escondiam os pés e realçavam os seios quase nus. Mais recentemente nos anos 60, criação da estilista Mary Quant, vieram as minissaias que revelavam a lingerie ou o nada que as moças usavam, enquanto realçavam suas pernas. O avanço da moda e da mídia hoje alterna entre bustos, minissaias, realce das pernas e do corpo. Jeans, collants, revelam hoje corpos sarados masculinos e femininos na televisão e nas ruas.
Éramos e estamos nos tornando cada dia mais uma sociedade exibicionista que não apenas realça a beleza. Negocia com ela. Isso inclui até religiosos que investem na beleza, em trajes chamativos e coloridos e nas formas para anunciar Jesus.
Quem se exibe sabe o que está fazendo, minimiza as possíveis repercussões ou conseqüências de sua escolha e aposta na estética como forma de conquista de objetivos.
Voltamos à sociedade grega que lutava entre a ética e a estética e onde, não poucas vezes, venceu a estética. Pelo mesmo caminho vai a sexualidade com vitórias sucessivas dos movimentos gays e liberação geral. Não é nada incomum ver corpos praticamente nus nas praias, em desfiles de carnaval e até nas ruas em passeatas. Nova moral, ou antiga moral que volta, com domínio de Eros sobre Ágape, gratificação sobre a gratuidade, estética sobre a ética, indivíduo sobre a comunidade e projeto pessoal sobre o coletivo?
O nós encolheu e o eu extrapolou… isso, até o dia em que o nós, cansado de ser secundarizado disciplinará o eu que se tornou tirânico e dominador demais. Quem viver verá.
Pe. Zezinho scj